A importância da intuição em nossa vida é pouco
reconhecida, e talvez por isso não sabemos bem como lidar com ela, muito menos como desenvolve-la.
Nesse trecho de Mulheres que correm com
os lobos Clarissa traz suas estimulantes idéias sobre isso. As imagens são de
obras da pintora mexicana Remédios Varo.
Em vez de definir a intuição como alguma peculiaridade irracional e censurável, ela é definida como a fala da verdadeira voz da alma. A intuição prevê a direção mais benéfica a seguir. Ela se auto preserva, capta os motivos e intenções subjacentes e opta pelo que irá provocar o mínimo de fragmentação na psique.
O que essa intuição selvagem faz pelas mulheres? Como o lobo, a intuição tem garras que abrem as coisas e as sujeitam; ela tem olhos que enxergam através dos escudos da persona; ela tem ouvidos que ouvem sons fora da capacidade de audição do ser humano.
Com essas espantosas ferramentas psíquicas, a mulher assume uma consciência animal astuta e até mesmo premonitória, que aprofunda sua feminilidade e aguça sua capacidade de se movimentar com confiança no mundo exterior.
Como alimentar a intuição para que ela seja bem-nutrida e
responda aos nossos pedidos de que esquadrinhe as cercanias? Nós a
alimentamos de vida — ela se alimenta de vida quando nós prestamos atenção a ela. De
que vale uma voz sem um ouvido que a receba? De que vale uma mulher na selva da
megalópole ou no cotidiano da vida a não ser que ela possa ouvir a voz de La Que
Sabe, Aquela Que Sabe, e nela confiar?"
Já ouvi mulheres que disseram estas palavras, se não
centenas, então milhares de vezes: “Eu sabia que devia ter seguido minha intuição.
Pressenti que devia ou não devia ter feito isso ou aquilo, mas não lhe dei ouvidos.”
Nutrimos o profundo self intuitivo ao prestar atenção a ele e ao agir de acordo
com sua orientação. Ele é um personagem autônomo, um ser mágico, mais ou menos do
tamanho de uma boneca que habita a terra psíquica da mulher interior.
Nesse sentido, ele é como os músculos no corpo. Se um músculo não for usado, ele acaba definhando. A intuição é exatamente igual: sem alimento, sem atividade, ela se atrofia."
Perfeito. Esse livro é extraordinário!
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